quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

E OS ESTUDANTES ESTÃO DE VOLTA ÀS AULAS


As férias escolares passaram tão rápido... Já houve um tempo em que as férias eram de quatro meses. E a carga horária de apenas três horas e meia por dia. Hoje os alunos têm uma carga horária por dia maior e cumprem um calendário de 200 dias letivos. Qual está sendo o resultado dessa mudança?
Quem morava no interior do estado do Rio de Janeiro, em meados dos anos 50, provavelmente estudou em escolas primárias de três turnos diurnos com, apenas, três horas e meia de aulas diárias. Esta foi a solução encontrada pelo governo para atender o aumento na procura por vagas na rede pública. Naquela época, as férias escolares duravam mais de cem dias (dezembro, janeiro, fevereiro e julho). Eu sou produto dessa escola.
Tenho lembranças do empenho das professoras (eu só tive professoras no primário) em cumprir o programa com sucesso. Quando um aluno saia da linha elas nos lembravam como a escola era importante para a vida futura de cada um de nós. No fim do ano, as escolas recebiam pacotes lacrados com provas a serem aplicadas em todas as turmas. A coisa era levada tão a sério que os professores que aplicavam os exames vinham de outras escolas. Lembro que eu tremia ao abrir o pacote. Muita coisa que eu sabia fugia da minha cabeça... Assim eram testados todos os alunos da rede.
Mas quem pensa que o curto tempo de aula era massacrante, se engana. Tínhamos aula de música (na escola havia um belo piano), aula de educação física, aula de artes e ensaios semanais para as festas comemorativas e os desfiles do Dia da Cidade e Sete de Setembro.  Havia tempo para tudo. E, por incrível que possa parecer, aprendíamos muito.
Como na minha cidade só havia o grupo escolar público, lá estudavam crianças de todas as classes sociais. Uma convivência de enorme aprendizado democrático: a escola pública, de qualidade, para todos. Não me lembro de animosidades dentro de sala de aula. Os meninos resolviam suas diferenças na rua, bem longe da escola, que nem muro tinha. Briga de garota era raro. Também não me lembro de pais se queixando de atitudes tomadas pelos professores.
Sei que o mundo mudou e que a escola também precisou mudar. Mas que mudança foi essa que as crianças ficam mais tempo na escola e aprendem menos?  Acho que os governantes, os estudiosos da área e a sociedade precisam se debruçar sobre esta questão e encontrar a resposta. Como disse o jornalista Alexandre Garcia “Escola não é brincadeira, não é passatempo, não é depósito de criança porque os pais estão trabalhando. É o lugar mais importante de um país sério”.
Texto: MLSardenberg

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